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DANIELLE

FONSECCA

O que realmente aprendi quando a vida me ensinou a lidar com interrupções bruscas e obviamente inesp

  • Elle
  • 20 de dez. de 2017
  • 4 min de leitura

Você pode ler esse texto ao som de: The Blower's Daughter / Damien Rice*


16:58h - Sexta-feira / Petrópolis /RJ

- Bia, amanhã a gente termina de fazer o trabalho na sua casa, e depois pode ir andar de bicicleta na parque.

- Fechado Elle!

- Vou levar "uns lancho" pra gente!

19:33h - sexta-feira / Petrópolis /RJ

- Filha, o "ventou soprou"

- Pra onde vamos mãe?

- Estamos indo para Sergipe amanha de tarde, pega só o necessário de roupa.

20:00h - sexta-feira / Petrópolis /RJ

- Alô, Bia?

- Oi Elle!

- Estou indo embora amanha, Bia. Desculpe não poder ir contigo amanhã andar de bicicleta.

- Como assim Elle? aconteceu alguma coisa?

- É, o trabalho do meu pai. A propósito, você quer ficar com a minha bicicleta de lembrança?

- Como assim Elle? pq você não leva ela?

- Não posso, Bia. fica com ela. Um dia a gente volta a se ver.

- Tá,

- Se cuida.

- Adeus.

"Você sempre chega tarde demais, e vai embora muito cedo"

Não foram uma, duas ou três vezes que passei por isso. Aconteceu de diversas formas. Também não aprendi isso apenas quando adulta ou quase isso. Na verdade, aprendi dessa forma. Para mim, essa sempre foi a minha realidade de vida. e está tudo tudo OK.


Meus pais desde que nasci, já eram missionários - daqueles que rodam o mundo - e isso fez com que eu nascesse praticamente na estrada. Sempre ficamos menos de 1 ano em cada cidade que morávamos. Constante mudança de tudo, sempre! Isso incluía; casa, escola, móveis, a minha cama, as ruas que eu passava voltando da escola, o clima, a própria escola, os vizinhos, os amigos da escola. A melhor amiga ...


"E o vento soprou ... E isso me fez uma eterna filha do vento "

"O vento soprou" era o termo usado pelos meus pais para dizer que iríamos nos mudar - de cidade estado ou pais - , e isso acontecia de um dia pro outro SEM AVISO PRÉVIO. o "vento soprava" numa quarta, num sábado ou no almoço de domingo. Só tínhamos tempo de arrumar as roupas. Nunca levávamos os móveis, ou as coisas da casa. Tudo era deixado para trás, Sempre.


Eu não tinha tempo de me despedir, nem de dar continuidade as coisas que havia planejado. A minha vida era constantemente interrompida pelo novo, pelo desconhecido.


Certa vez, com 14 anos, morava numa cidade chamada Itabuna/BA. Um amigo meu me disse: Você sempre chega tarde demais, e vai embora muito cedo. Depois aquilo fez todo sentido, e eu conto mais abaixo sobre isso.


Depois de um tempo, percebi que sempre ficava um sentimento na minha vida de: A qualquer hora isso pode acabar. De um dia pro outro eu poderia não mais ver a minha melhor amiga, ou fazer aquela prova da escola para a qual estava tanto me preparando. Eu tinha certeza de que não cresceria junto aos meus amigos de infância, eu não poderia nem ter amigos de infância.. E a primeira paixonite aguda?? há! muito menos aquele restaurante


"Fui de um extremo ao outro, Quando vi que viver era isso mesmo, OLÁ, ADEUS, aproveite a duração "

Essa foi a pior parte. Por medo de perder, eu não queria nem ganhar. Comecei a evitar vínculos, conhecer pessoas, até comprar uma bicicleta nova, ou qualquer outra coisa que eu sabia que teria de deixar pra trás (daí vem o meu desapego). Eu já me fechava para as cosias., pois sabia que aquilo iria terminar a qualquer momento. Eu tinha muito medo de decepcionar as pessoas, de não saber como eu magoaria as pessoas que eu gostava.


Depois eu fui pro outro extremo - no qual continuo até os dias atuais - Eu quero viver tudo, mesmo que seja rápido! Quero ver tudo. Conhecer a todos. Fazer muitos amigos. visitar toda e qualquer rua da minha vizinhança. Entrar naquele maldito café e pedir qualquer coisa!, só para poder experimentar! E foi isso que de fato aprendi com as interrupções bruscas: Viver o presente de forma plena.


"A verdade é que fui moldada para ser assim, até que o resultado é satisfatório"

Nada mudou. Meus pais se fixaram na cidade de Salvador / BA Mais um vez por causa do trabalho do meu pai. O problema é que depois de 16 anos vivendo sobre constantes interrupções, eu já não era uma pessoa normal


Me lembro que no primeiro um ano em que passei inteiro numa mesma casa, eu me sentia muito inquieta. Coisas monótonas, Nada novo. As mesmas pessoas, e , pasme! os mesmos amigos de escola. aquilo ali sim, não fazia sentido para mim. Como assim vou ter que conviver sem conhecer nada novo de verdade? Mergulhar por alguns meses em uma nova cultura.. um novo prato, uma nova gíria, um clima diferente, Estar no Sul em março e no Nordeste em abril, como assim?!


Atualmente moro sozinha. Moldei a minha vida profissional ao meu estilo de vida, mas isso explico um outro dia. Me mudo muito menos. por puro prazer. Mas canso rápido de ficar no mesmo lugar por muito tempo, mas as minhas viagens constantes me ajudam a liberar essa pressão interna, sem contar que praticamente a maioria absoluta dos meus amigos, estão literalmente espalhados pelo mundo. Atualmente, consigo encontra-los sempre que quero. Mantenho um estilo de vida relativamente simples, viajo sempre que posso, pois, acabei viciada em conhecer historias diferentes,


Gosto de viver tudo que tenho direito, pois nunca sei quando pode acabar. Me entrego sem medo. e faço questão de dar o meu melhor. E quer saber? Quem pode realmente dizer quanto tempo vai durar essa nossa jornada seja em uma cidade, no pais, ou simplesmente na vida? Você não comprou esse maldito ticket pra essa montanha russa? ENJOY TE RIDE!


É isso,

Danielle Fonsecca

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DANIELLE?

Basicamente e obviamente já dito antes, por tantas outras pessoas ... sou as Viagens que fiz, os livros e filmes que vi e as músicas que ouvi.

Entusiasta da VIDA.

​é isso, só isso.

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